Despertar Espiritual: Como ocorre e quais os sinais?
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Quando crianças, costumamos fazer algumas perguntas sem sequer perceber sua profundidade: “Por que estamos aqui?” ou “Qual é o sentido da vida?”.
À medida que crescemos e passamos a nos dedicar às questões práticas da vida – escola, contas, carreira – essas perguntas tendem ficar em segundo plano, mas nunca desaparecem completamente.
Elas permanecem, esperando o momento em que estaremos prontos para explorá-las novamente. Dessa vez com uma profundidade ainda maior.
Uma coisa é imaginar essas questões a partir de uma inocência infantil. Outra, é aprender a conectar com a sabedoria e o amor depois de já se ter experimentado os desafios, dores e alegrias do mundo.
Esse caminho de redescoberta do desejo espiritual é o que a tradição da Cabalá descreve como o início e um dos principais sinais do despertar espiritual.
A Questão Silenciosa Dentro de Nós 🌟
Em algum momento das nossas vidas, todos sentimos que existe algo que vai além de nossos afazeres do dia a dia e do “mundo material”. Essa percepção, se nutrida e incentivada, pode nos levar a questionamentos ainda mais profundos sobre o significado e o propósito da vida, do universo e de nós mesmos.
A Cabala ensina que esse questionamento é o sinal do início do despertar espiritual. Esse desejo pelas questões espirituais, é uma busca única dos seres humanos que transcende os nossos outros desejos, como veremos a seguir.
Compreendendo Nossos Desejos 🌍
Segundo a Cabala, nossos desejos surgem da falta ou da sensação de falta. Por exemplo, ninguém tem desejo de ir ao dentista a não ser que tenha uma dor de dente, ou seja, uma falta.
Seja uma falta física, emocional, psíquica ou espiritual, é essa sensação de falta que nos leva a desejar.
A Cabala vai ainda mais além. Como somos almas ligadas ao infinito e estamos experimentando uma existência material finita, todos temos uma espécie de vazio espiritual. Apenas quando plenamente conscientes de nossa conexão com Deus podemos experimentar a plenitude. Enquanto não chegamos nessa consciência, experimentamos nosso vazio como uma falta. E, como já falamos, a falta é a origem de desejo.
Os nossos desejos são como camadas e, podem ser classificados em cinco categorias principais: Desejos Físicos , Desejo por Riqueza, Desejo por Poder, Desejo por Conhecimento e Desejo Espiritual.
Desejos Físicos (Nefesh)
Os desejos Físicos são aqueles necessários para nossa sobrevivência física e segurança. Aqui, estão incluídas a necessidade de comida, abrigo e segurança. Esses desejos são claros e diretos. Conseguimos identificar claramente quando estamos com fome ou sede, e sabemos exatamente o que fazer para saná-los.
Segundo à tradição, esses desejos mais básicos e instintivos estão ligados a um nível mais denso de nossa alma que conhecemos como Nefesh, e nesse nível também estão o desejo de afeto físico e emocional.
O desejos ligados a Nefesh são os mais diretamente ligados ao tempo-espaço. Assim como precisamos ingerir água diariamente, também precisamos regularmente zelando atender nossas demais necessidades básicas de sobrevivência.
Desejos por Riqueza (Ruach)
Os Desejos por Riqueza são aqueles que nos impulsionam a buscar bens materiais e conforto financeiro. De acordo com a Cabala Judaica, esses desejos são naturais, fazem parte da nossa jornada humana e estão ligados a um nível da alma que conhecemos como Ruach. Eles nos motivam a trabalhar, a ser criativos e a buscar formas de melhorar nossa qualidade de vida.
Mas o problema surge quando o desejo por riqueza se transforma em uma obsessão. Isso pode levar à ganância, inveja e materialismo excessivo. Esse tipo de desejo geralmente é ilusório porque a satisfação que ele proporciona é temporária e superficial.
Duas maneiras de evitarmos problemas quanto a esse desejo são as seguintes. Primeiramente saber respeitar e administrar a força da riqueza material. Isso no sentido de cuidar devidamente do dinheiro para não sermos esbanjadores, mas ao mesmo tempo entendermos que ele é apenas um recurso, e não um fim em si.
A outra maneira nos remete a um dos ensinamentos mais básicos da Cabala, e que pode ser aplicado a qualquer forma de energia, inclusive a material. Muita mais elevado do que receber apenas para si, é aprender a receber para compartilhar. Colaborar para a prosperidade alheia é um belíssimo caminho que pode ser concomitante à nossa busca por prosperidade.
Desejos por Poder (Neshama)
Nossa busca para melhorar nossa posição na “hierarquia social” nos leva aos Desejos por Poder. Esses desejos incluem buscar status, honra, poder e fama. Eles se relacionam com nosso desejo de sermos reconhecidos e valorizados dentro de nossa comunidade ou sociedade.
Os desejos ligados ao nível da alma conhecido como Neshama já são mais complexos e, por essa razão, muitas pessoas ficam presas aqui, sem perceber. Elas sabem que algo está faltando em suas vidas, e acreditam esse sentimento é devido à falta de status, poder e fama.
A questão é que nunca chegam lá. Quantos artistas famosos em nossos tempos tiveram mortes trágicas que não parecem nada com o ápice de uma vida feliz?
O desejo por status, poder e fama pode se tornar tão inesgotável quanto uma overdose. Por que? Por que é uma tentativa impossível de preencher um vazio existencial ligado ao infinito com as coisas finitas que geram prazer instantâneo, mas que logo precisam de uma dosagem maior para continuar gerando um sensação de saciedade.
Desejo por Conhecimento (Chaya)
O desejo por conhecimento, associado a nível da alma conhecido como Chaya, caracteriza-se principalmente pela curiosidade para aprender. Este desejo vai além das necessidades físicas e sociais, pois busca entender as leis naturais, científicas e intelectuais que governam o universo. É o impulso que nos leva a explorar, descobrir e inovar.
Esse desejo já é de um tipo muito mais elevado e já proporciona muito mais luz e prazer para a vida de uma pessoa, porém ainda não é suficiente para preencher de forma plena as nossas vidas. Como todo recurso que recebemos, seu uso é o que fará a diferença. Você pode usar conhecimento para empoderar ou escravizar pessoas, para compartilhar ou para apenas nutrir sua própria arrogância intelectual.
Sobre os Quatro Primeiros Tipos de Desejos
Na tradição Cabalística, prazer é luz. Isso significa que quanto mais luz uma ação trouxer para sua vida, maior e mais duradouro será o prazer proporcionado por ela.
Por mais que sejam importantes para uma vida plena, nenhum dos quatro desejos anteriores são capazes de trazer a quantidade de luz e prazer para a vida do que o próximo tipo de desejo. Essas ações trazem quantidades de luz menores e capazes apenas de nos satisfazer temporariamente.
Uma pessoa pode ficar satisfeita com uma refeição, mas no dia seguinte precisará de outra. O mesmo vale para riqueza, poder e honra. Por mais que uma pessoa os acumule, eles não trazem preenchimento duradouro e, ainda trazem consigo um risco.
A não ser que a pessoa aprenda a colocar seu poder, riqueza ou intelecto em função de algo maior, aquilo que poderia ser uma virtude pode acabar se tornando uma obsessão egóica, ou seja, um vício ou uma compulsão altamente prejudicial à sua própria vida e a dos demais também.
Desejos Espirituais
A categoria mais elevada de desejos é o desejo espiritual, a busca pelo Divino e Sagrado e o anseio de entender por que existimos e qual o nosso papel no grande esquema do universo.
Esse desejo nos leva a buscar respostas para as perguntas mais profundas sobre a existência humana e nosso lugar no cosmos. Ele nos leva a explorar o significado da vida e nossa conexão com algo maior do que nós mesmos.
O Início do Despertar Espiritual🔦
O Desejo Espiritual transcende os demais e é o único capaz de promover a verdadeira satisfação e plenitude, transbordando nossas vidas com luz e prazer. Para a Cabala, é o ponto em que começamos a lidar com o vazio que existe em todos nós e que só pode ser preenchido pelo Divino.
A Cabalá sugere que a verdadeira sabedoria e o início do despertar espiritual está em aceitar e nutrir esse desejo espiritual.
Os Sinais do Despertar Espiritual
Desejo de Autoconhecimento e Busca Espiritual
Para a Cabala, esse é o maior e mais importante sinal do despertar espiritual do ser humano: o reconhecimento que existe muito mais do que o “mundo material”, de que somos uma alma em um corpo e não o contrário e a busca e interesse genuíno por investigar essas questões.
Herdeiros do Iluminismo, do “penso logo existo” de Descartes e de uma sociedade altamente materialista e cientificista, nosso interesse pelo conhecimento espiritual, como no caso a Cabala, tem crescido exponencialmente. Nada contra a razão e a matéria, mas estamos ganhando mais e mais consciência de que sozinhas elas não bastam para a existência humana. Aos poucos, estamos percebendo que adoecemos como indivíduos e sociedade ao nos distanciarmos de quem verdadeiramente somos. Mais uma vez, somos seres espirituais experimentado uma existência material.
Por isso, já é notável o crescimento do estudo e à prática espiritual em nossa geração. Aqueles que despertaram para a realidade já estão buscando aprender e aplicar os ensinamentos em sua vida diária. A tendência é que, diante dos tantos desafios da vida contemporânea, esses conhecimentos se popularizem muito mais. E, para isso, é fundamental que você se dedique à sua busca caso tenha sentido o chamado.
Assim funciona a consciência, alguns começam a percorrer o caminho, para que futuramente todos possam percorrer.
Transformação Interna
Com nosso despertar, notamos mudanças significativas de comportamento, atitudes e principalmente em nossa visão sobre o mundo, as pessoas e nós mesmos. Nos tornamos mais empáticos e compassivos, e ficamos menos apegados a bens materiais. Passamos a abrir mão da necessidade de controlar tudo e aprendemos a confiar no Divino. Essa transformação interna é um dos sinais mais claros do nosso despertar espiritual. Pode até parecer teórico ou demasiadamente subjetiva, mas trata-se de uma experiência clara e sensível.
Essa é a parte boa, quando já se começa a perceber o despertar ou quando já se está em um caminho de amadurecimento. Mas não é incomum que antes disso, e até antes da procura por um caminho espiritual a pessoa se defronte com períodos desafiadores, de falta de sentido ou de ruptura com modelos antigos que já não são mais funcionais.
Como esse tipo de experiência nem sempre é fácil, muitas vezes nos questionamos por que passamos por elas. A verdade é que, muitas vezes, a dor é uma experiência que nos coloca em contato direto com nosso vazio. E, como já falamos, é comum que o contato com esse vazio seja o que deflagra nossa necessidade de busca espiritual. Em uma citação bem cabalística: “Toda queda é em função de uma ascensão”.
Sensibilidade Espiritual
Começamos a sentir a presença do Divino em nossas vidas. Não que a dimensão espiritual não estivesse presente antes (ela está sempre!), mas conforme despertamos, nós aprendemos a reconhecer mais e mais.
Nossa intuição se torna mais forte, e começamos a sentir uma conexão espiritual mais intensa. Muitas vezes, essa sensibilidade se manifesta como uma sensação de paz interior, mesmo em momentos de dificuldade. Sentimos a presença de algo maior do que nós, que nos guia e protege e passamos a confiar que tudo acontece por uma razão.
Quanto à paz interna, isso é decorrência de uma experiência de integridade. Quando aprendemos a sintonizar nossas ações, emoções, fala e pensamentos com nossa essência espiritual, atingimos um grau de integridade que tem como consequência a paz interna.
É importante lembrar que paz interna não significa de modo algum a ausência de desafios e de dor. Paz interna significa alcançar e manter um equilíbrio interno mesmo diante dos inevitáveis desequilíbrios externos da vida.
Sincronicidades
É muito comum entre os estudantes começarem a relatar aquilo que Carl Jung denominou como sincronicidades. Tratam-se de “coincidências” significativas ou eventos que parecem estar interligados de maneira misteriosa. Há milênios, isso é classificado na Cabala como parte da Hashgachá Pratit (divina providência).
O mais interessante é que a Hashgachá Pratit não acontece às vezes por coincidência como se poderia imaginar. Na verdade, ela compõe o próprio tecido da vida, e nós é que passamos a perceber melhor quando estamos alinhados com nossa essência.
Por isso elas se tornam mais comum conforme aprofundamos nosso despertar, como se testemunhassem que estamos no caminho certo e alinhados com o fluxo do universo.
Transformação Externa
Vida Holográfica
Nossa vida funciona como uma projeção holográfica, ou ainda como uma vibração que emitimos. Conforme elevamos nossa vibração ou refinamos nossa projeção, eventos e pessoas de uma nova ordem se aproximam de nós através de um processo conhecido como “semelhança de forma”. Uma vibração mais elevada atrai pessoas, contextos e assuntos de mesma vibração. Se a pessoa projeta amor, ela se conectará com situações mais amorosas do que se ela projetar raiva e conflito.
Por isso mesmo, a transformação externa é resultado natural do processo. À medida que mudamos quem somos e como nos relacionamos com o mundo ao nosso redor, essas mudanças se refletem em aspectos externos da nossa vida. Esse processo pode trazer uma série de benefícios, como maior prosperidade, novas amizades e um sentido renovado de propósito.
O Caminho para o Despertar 🚀
Interessantemente, o despertar espiritual não exige isolamento em lugares distantes ou rituais complexos. Eles podem servir como estímulos e deflagradores, mas o ideal é que não fiquemos reféns deles. A ideia não é aprender a levitar no topo do Himalaia para se iluminar. O que se busca é descobrir Deus em si, nos outros e no mundo, de maneira a conectar com nosso propósito em qualquer tempo ou espaço.
Trata-se de reconhecer e nutrir o desejo por uma compreensão mais profunda de nossa existência. Isso pode acontecer a qualquer momento e muitas vezes ocorre naturalmente, mesmo no meio do caos e do ruído da vida cotidiana. Quando começamos a nos fazer aquelas perguntas profundas – sobre o significado, o propósito e a essência das nossas vidas – já estamos caminhando rumo ao despertar.
A Espiritualidade Não é um Caminho Apenas Individual 🔄
Ao contrário da crença popular, a espiritualidade não se trata do herói individual superando todas as adversidades para alcançar a iluminação. Veja que interessante essa frase de Jung: “Ninguém se torna iluminado por imaginar figuras de luz, mas sim por tornar consciente a escuridão”. O caminho espiritual tem mais a ver com conhecer e aprender a lidar com nossas imperfeições humanas do que por imaginar que somos infalíveis.
Em vez disso, o caminhos é sobre uma integração completa de nós e no todo: na comunidade e na natureza; uma realidade que transcende nossa percepção normal. O mito moderno do caminho solitário para a divindade é impulsionado pelo ego, mas a verdadeira espiritualidade se afasta do egoísmo.
O Poder do Despertar Coletivo 🌍
O verdadeiro despertar espiritual exige que reconheçamos e abracemos nossa natureza interconectada. O crescimento espiritual não é conhecido na solidão, mas na relação; ele floresce através do esforço individual e coletivo. Ao trabalhar em um ambiente de indivíduos com interesses semelhantes, somos nutridos pela força interconectada da consciência.
Conectar-se com outros que compartilham a busca espiritual nos permite superar a sensação de separação. Juntos, formamos uma comunidade que percebe e incorpora coletivamente qualidades espirituais superiores. Esse despertar mútuo eleva nossa percepção, alinhando-nos com a verdadeira natureza da realidade.
(Curiosidade: Essa é uma das razões pela qual o CabalaHub é uma comunidade, e não apenas uma plataforma que oferece cursos de Cabala.)
Acelerando a Elevação de
Consciência 🚀
Enquanto o despertar espiritual é um processo natural, ele se desenrola lentamente ao longo da vasta linha do tempo da história humana. No entanto, ao nos engajarmos intencionalmente no despertar espiritual de forma coletiva, podemos acelerar e potencializar essa jornada.
Nesse caso, o todo é muito maior do que a soma das partes, pois através das interações com outras pessoas, temos a oportunidade de exercitar os aprendizados obtidos, além de contribuir e aprender com a jornada dos outros.
Trabalhar com outras pessoas num caminho espiritual compartilhado nos impulsiona à frente, não apenas acelerando nosso desenvolvimento espiritual, mas também aliviando os percalços que frequentemente acompanham essa jornada.