O que é Cabala? O Guia Definitivo
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A Cabala (ou Kabbalah, em inglês), é uma sabedoria ancestral judaica que explica os segredos da vida, do universo e da nossa conexão com o divino. No entanto, saiba que esse conhecimento não é restrito aos judeus.
Apesar de suas raízes estarem profundamente ligadas à tradição judaica, seus ensinamentos são universais e podem ser aplicados por qualquer pessoa, oferecendo as ferramentas necessárias para o autoconhecimento e a realização espiritual.
Este guia vai explicar o que é a Cabala e como ela pode te ajudar a encontrar harmonia e propósito na vida. Te vejo na leitura a seguir!
O que é Cabala? História e Origem
A palavra Cabala deriva do verbo “lekabel”, em hebraico, que literalmente significa ‘receber” ou “algo recebido”, referindo-se não apenas ao processo inicial no qual o conhecimento dessa tradição mística é transmitida de mestre a um discípulo que a recebe, mas também à capacidade que temos de aprender a receber e expressar Deus no mundo.
Primeiras Obras
Sua origem está no “Sêfer Ietsirá”, ou o “Livro da Criação”. Trata-se de uma obra muito pequena e sem data exata de quando foi lançada ou sequer por quem foi escrita. Há cabalistas que acreditam ainda que suas origens remontam aos tempos de Adão, a quem teria sido revelado o Sefer Raziel.
Muitos cabalistas consideram que as origens da Cabala remontam a Adão, a quem teria sido revelado um livro, o Sefer Raziel, num ato de misericórdia divina após a sua queda do paraíso. Nele estão revelados os 72 Nomes de Deus, além de outros mistérios sobre a conexão entre os céus e a Terra.
Outros consideram que o primeiro livro da Cabala é o Sefer Ietsirá, e o atribuem ao patriarca Abraão. Entre outros temas contidos na obra, ele nos ensina principalmente sobre como o mundo foi criado através das 22 letras do alfabeto hebraico, pois para o cabalista, cada letra equivale a uma das 22 energias básicas que compõem o universo.
Mas não precisa se preocupar com isso agora, voltaremos a discutir o assunto ao longo do texto e você poderá entender melhor o que tudo isso significa.
Torá
Segundo a crença judaica, Deus revelou o conteúdo da Torá a Moisés no monte Sinai. Ela inclui os cinco primeiros livros da Bíblia, que narram desde a Criação até a entrada do povo de Israel pelo deserto na Terra Prometida.
Mas onde a Cabala entra nisso?
A Cabala é a ferramenta que nos ensina a interpretar a Torá e a vida, muito além do que é possível realizar apenas com palavras. Segundo a tradição mística judaica, as 304.805 letras hebraicas da Torá contém significados mais profundos sobre Deus, as leis do Universo e também como aplicar os conhecimentos de forma prática em nossa vida.
Assim como o praticante de Yoga não precisa ser indiano e nem conhecer profundamente os 5 mil anos de história que envolve esse conhecimento, você também não precisará tornar-se judeu para que possa aprender e aplicar os conhecimentos da Cabala em sua vida.
Ao longo da história, a Cabala influenciou não apenas o pensamento judaico, mas também se entrelaçou com diversas correntes filosóficas e espirituais, adaptando-se e evoluindo de acordo com os contextos culturais e históricos. E mesmo com origens tão ancestrais, a Cabala continua sendo uma fonte de inspiração e conhecimento acessível para todos.
Zohar – O livro do Esplendor
O Zohar, também conhecido como “Livro do Esplendor”, é o principal texto da Cabala. Muitos cabalistas atribuem essa obra ao rabino Shimon Bar Yochai (Século I), mas segundo outras fontes ele teria sido publicado no século 13 por Moisés de León, na Espanha.
Mas independente de quem tenha sido o primeiro a realizar a interpretação dos textos sagrados, seu objetivo permanece o mesmo: explorar os aspectos ocultos da Torá e revelar os mistérios da criação, da natureza de Deus e da alma humana.
A obra conecta cada Sefirá, ou emanação divina, a um modo de atuação de Deus e a personagens bíblicos, oferecendo uma visão profunda e simbólica das histórias e dos ensinamentos. E se você ainda não sabe o que é sefirá, não se preocupe, explicaremos tudo em mais detalhes nos tópicos seguintes.
Além disso, o Zohar utiliza a gematria, a numerologia judaica, para atribuir significados numéricos às letras hebraicas e descobrir interpretações ocultas dos textos sagrados. Por meio dessas práticas, os cabalistas buscam compreender a essência divina e alcançar um maior nível de consciência espiritual.
A gematria é um assunto que merece um post só para ele, mas em resumo, se trata de uma prática antiga e respeitada que busca revelar a profundidade e os mistérios contidos nos textos bíblicos hebraicos através dos valores numéricos das letras. Ela é uma ferramenta poderosa para entender melhor as conexões espirituais e os ensinamentos da Cabala.
A evolução da Cabala ao longo dos séculos
A Cabala passou por grandes evoluções desde sua origem, adaptando-se aos contextos históricos e culturais através dos quais se propagou.
A cada geração de cabalistas, novos ensinamentos são revelados e aos poucos são agregados ao corpo de conhecimento da Cabala. A contribuição que o trabalho de figuras como Isaac Luria, no século 16, e posteriormente de Moisés Cordovero, são exemplos de como sempre há novas interpretações e métodos de estudo surgindo ao longo do tempo.
Além dessas contribuições fundamentais, é importante citar a influência de pensadores modernos na interpretação e disseminação da Cabala. Martin Buber, um dos mais notáveis filósofos judaicos do século XX, destacou a importância de um retorno à espiritualidade em um mundo dominado pelo materialismo.
Buber observou que, nos últimos dois séculos, a sociedade ocidental foi profundamente marcada pelo materialismo, resultando em uma desconexão espiritual. Ele argumentou que, conforme ensinou o rabino Nachman de Breslav, essa desconexão poderia ser mitigada através do estudo e prática de tradições espirituais, como a Cabala.
Já na contemporaneidade, instituições como o Cabala Hub buscam democratizar ainda mais o acesso aos ensinamentos da Cabala, oferecendo cursos e publicações (olha só você aqui lendo uma delas) que buscam adaptar a sabedoria antiga a um público mais amplo para que todos possam aplicar os ensinamentos em seu cotidiano.
Princípios Básicos da Cabala
A Cabala é fundamentada em princípios que exploram a natureza do divino, do universo e da alma humana, além de enfatizar a importância de se aplicar esses princípios na vida, de maneira que você possa elevar a si e o mundo.
No coração de seus ensinamentos está a Árvore da Vida, uma estrutura composta por dez Sefirot (esferas ou atributos divinos) que representam as diferentes manifestações de Deus no mundo.
Essa estrutura simbólica serve como um mapa para entender as leis espirituais que governam a existência e orientar o indivíduo em sua jornada de autoconhecimento e conexão com o divino. Em outras palavras, é um mapa da pessoa, da realidade e das energias que os conectam com seu Criador.
Conceito de Ein Sof e a criação do universo segundo a Cabala
O Ein Sof, que significa “O Infinito” em hebraico, é um conceito central na Cabala que representa a essência absoluta e ilimitada de Deus. Imagine o Ein Sof como a ideia de Deus antes de qualquer criação, algo tão vasto e incompreensível que está além de qualquer coisa que podemos entender ou experimentar. Alguns explicam como aquilo que já existia antes mesmo do Big Bang.
Para que fique mais claro o que cada conceito significa, deixei para você um resuminho sobre cada um deles logo abaixo:
- Essência Infinita de Deus: O Ein Sof é a ideia de que Deus é infinito e não tem limites. É a essência de Deus antes que Ele se manifeste de qualquer forma no mundo.
- Transcendência: O Ein Sof está além de nossa compreensão. Isso significa que é tão vasto e além do nosso entendimento que não podemos realmente entendê-lo completamente.
- Fonte de Toda Existência: Tudo o que existe vem do Ein Sof. É a fonte de tudo no universo.
- Tsimtsum (Contração): Para criar o universo, a ideia é que Deus teve que “contrair” ou “retrair” parte de Sua infinidade para criar um espaço vazio onde o universo pudesse existir. Esse conceito é chamado de Tsimtsum. É como se Deus tivesse que fazer espaço para que a criação pudesse acontecer. Esse conceito é frequentemente comparado ao Big Bang.
- Sefirot (Emanações): Depois dessa contração, Deus se manifesta através das Sefirot, que são como diferentes aspectos ou emanações de Deus que interagem com o mundo. Pense nas Sefirot como diferentes “faces” ou “energias” de Deus que se mostram na criação. Se não somos capazes de entender Deus antes da criação do tempo e do espaço, podemos, ao menos, observar como Ele se manifesta no tempo e no espaço.
- Reflexão sobre a Existência: O estudo sobre o Ein Sof e o processo de criação nos ajuda a refletir sobre a relação entre o finito (nós e o mundo ao nosso redor) e o infinito (Deus). Isso nos leva a pensar sobre a vida, a morte e nosso próprio lugar no universo. Ou seja, é o que ajuda a nos conectarmos com nossa própria essência, propósito e missão como indivíduos e como sociedade.
A Criação do Universo
Para que você entenda melhor a criação do universo segundo a Cabala, vou explicar um pouco mais sobre como esses conceitos acima estão ligados.
Dentro desse espaço vazio, o Tsimtsum, Deus começou a se manifestar através das Sefirot. As Sefirot são como diferentes aspectos ou emanações de Deus. Existem dez Sefirot principais, e cada uma representa um aspecto diferente da divindade, como sabedoria, entendimento, misericórdia, justiça, beleza, etc.
As Sefirot formam um tipo de estrutura ou “árvore”, muitas vezes chamada de “Árvore da Vida”. A energia divina flui através dessas Sefirot, do Ein Sof (o infinito) até o mundo físico que conhecemos. Esse fluxo é um processo contínuo de criação e sustentação do universo do qual fazemos parte.
No final desse processo, temos o mundo físico, que é a manifestação mais densa e concreta da criação divina. Tudo o que existe no nosso mundo é, em última análise, uma expressão das emanações de Deus que passaram pelas Sefirot.
Bem legal, não é? Este processo nos ajuda a entender a relação entre o finito e o Infinito, entre o mundo físico e a Divindade. Ele mostra como tudo no universo está interligado e é sustentado pela energia divina. É uma maneira de ver a criação como um fluxo contínuo de energia e vida, vindo do Ein Sof, passando pelas Sefirot, e se expressando em tudo, até mesmo em nós.
A importância do estudo e da meditação
A meditação na Cabala é uma prática central que visa aprofundar a conexão com o divino. Através da meditação, você pode buscar transcender a realidade material e alcançar níveis mais elevados de consciência espiritual. Esse processo permite que os cabalistas experimentem uma união direta com as emanações divinas (Sefirot) e, eventualmente, com o Ein Sof (a essência infinita de Deus).
A meditação é também um importante caminho para o autoconhecimento, na medida em que nos ajuda a identificar diferentes nuances que nos compõem e permitindo que possamos lidar com elas.
Lembra quando disse que a Cabala é aplicada no cotidiano e em diversos aspectos da sua vida? Meditar ajudará você a refletir sobre sua vida, pensamentos e ações. A introspecção promovida pela meditação é fundamental para o autoconhecimento, permitindo que você identifique e trabalhe em aspectos de sua personalidade que precisam de desenvolvimento ou transformação. Esse processo de auto-reflexão é visto como essencial para o crescimento espiritual.
Durante a meditação, os cabalistas acreditam que podem receber insights e sabedoria divina. A prática meditativa abre a mente para novas interpretações e entendimentos dos textos sagrados, permitindo uma compreensão mais profunda dos ensinamentos da Cabala. Essa sabedoria é considerada crucial para guiar as ações e decisões na vida cotidiana.
E claro, para ser capaz de trabalhar e extrair o melhor da meditação, o estudo contínuo da Cabala é fundamental. Cada novo nível de entendimento alcançado através do estudo revela mais sobre a natureza divina e a estrutura do universo, promovendo um crescimento espiritual contínuo.
O estudo coletivo da Cabala também fortalece a comunidade dos praticantes. Compartilhar insights e discutir interpretações dos textos sagrados cria um ambiente de apoio mútuo e crescimento coletivo (essa é uma das razões para o Cabala Hub ser uma comunidade e não apenas uma escola). Essa interação comunitária é importante para manter a vitalidade e a transmissão dos ensinamentos cabalísticos às futuras gerações.
Os estudos, alinhados à prática constante dos ensinamentos, são uma grande contribuição à vida. Entre outras coisas, nos ajudam a tomar decisões éticas, tratar os outros com compaixão e buscar um propósito maior. A Cabala nos traz discernimento para que apliquemos nosso tempo e nossa energia naquilo que realmente importa para nós.
A Árvore da Vida e as Sefirot
A Árvore da Vida é um dos conceitos mais conhecidos da Cabala. Trata-se de um mapa simbólico do universo e do caminho espiritual. Ela nos apresenta as dez Sefirot, ou emanações divinas, como expliquei antes. A Árvore da Vida articula a maneira pela qual o Ein Sof, o Infinito, desdobra-se na realidade manifesta.
Essas Sefirot são vistas como atributos de Deus, através dos quais Ele cria, sustenta e interage com o universo.
Você, enquanto estudante da Cabala, meditará sobre a Árvore da Vida para compreender a natureza de Deus, do universo, de sua própria alma e também para refinar a sua expressão no mundo. Cada Sefirá (singular de Sefirot) na árvore não deve ser compreendida como uma emanação divina distante e intocável, mas sim como um recurso poderoso que irá nos guiar à auto-realização e entendimento espiritual.
Veja quais são os 10 Sefirot
Keter (Coroa)
Posição: No topo da Árvore.
Significado: Representa a vontade divina pura e o ponto de partida para todas as emanações. Representa também o seu potencial e aquilo que você pode ser.
Aspecto: A conexão direta com o Ein Sof, é a fonte de toda a criação.
Chochmá (Sabedoria)
Posição: Abaixo de Keter, no lado direito.
Significado: Representa a sabedoria divina. Tanto Chochmá quanto Keter são as Sefirot que antecedem ao tempo, espaço e ao conceito.
Aspecto: O impulso criativo inicial, a sabedoria, uma ideia ou inspiração.
Biná (Entendimento)
Posição: Abaixo de Keter, no lado esquerdo.
Significado: Representa o entendimento, a inteligência racional e a análise.
Aspecto: A capacidade de transformar ideias em planos concretos. O impulso criativo da sabedoria de Chochmá ganha força no entendimento de Biná.
Daat (Conhecimento)
Posição: Localizada centralmente, abaixo de Chochmá (Sabedoria) e Biná (Entendimento).
Significado: Representa o conhecimento, a consciência e a união entre sabedoria e entendimento.
Aspecto: A capacidade de integrar e aplicar a sabedoria e o entendimento de maneira prática. Daat conecta o impulso criativo de Chochmá e a análise racional de Biná, trazendo clareza e percepção profunda.
Chessed (Misericórdia)
Posição: Abaixo de Chochmá, no lado direito.
Significado: Representa a bondade e o amor incondicional.
Aspecto: A expansão e a generosidade.
Guevurá (Julgamento)
Posição: Abaixo de Biná, no lado esquerdo.
Significado: Representa a força e a disciplina.
Aspecto: A restrição e o controle necessários para o equilíbrio. Em um rio, Chessed seria como a própria água que flui, já Guevurá estaria presente nas margens que dão a necessária restrição.
Tiferet (Beleza)
Posição: No centro da Árvore.
Significado: Representa a harmonia e a beleza. É onde está representada a essência de nosso Ser.
Aspecto: O equilíbrio entre misericórdia e julgamento, unindo Chessed e Guevurá. O equilíbrio entre o fluxo de água (Chessed no exemplo que demos acima) e as margens que dão o caminho (a restrição de Guevurá) resulta na beleza e equilíbrio do rio (Tiferet).
Netzach (Eternidade)
Posição: Abaixo de Chesed, no lado direito.
Significado: Representa a persistência e a vitória que deixam ecos na Eternidade.
Aspecto: A força de vontade e a determinação para alcançar objetivos.
Hod (Glória/ Humildade)
Posição: Abaixo de Guevurá, no lado esquerdo.
Significado: Representa a glória, o esplendor.
Aspecto: A admiração pela luz divina e a capacidade de se submeter a ela através da humildade.
Yessod (Fundamento)
Posição: Abaixo de Tiferet, acima de Malchut.
Significado: Representa o fundamento e a conexão.
Aspecto: O canal através do qual as emanações se manifestam no mundo físico. O ponto de encontro entre o que está dentro e o que está fora. O relacionamento.
Malchut (Reino)
Posição: Na base da Árvore.
Significado: Representa o reino e a manifestação final.
Aspecto: O mundo físico e a realização concreta das emanações divinas.
Os 22 Caminhos
Essas Sefirot estão interconectadas por 22 caminhos, representando as diferentes vias de progresso espiritual e fluxo de energia entre elas.
Os 22 caminhos que conectam as Sefirot correspondem às 22 letras do alfabeto hebraico. Eles representam as diferentes maneiras pelas quais a energia divina pode fluir entre as Sefirot. Cada caminho tem um significado específico e é associado a aspectos espirituais e psicológicos do desenvolvimento humano.
As colunas
Além disso, a Árvore da Vida está organizada em três colunas, sendo elas: a da Misericórdia (direita), a da Severidade (esquerda) e a do Equilíbrio (central). Cada coluna e cada Sefirá dentro da Árvore possuem atribuições específicas e representam diferentes aspectos da criação divina, da vontade à sabedoria, do entendimento ao amor, da justiça à beleza, e assim por diante, até a manifestação final na realidade material.
Se você notou que citamos primeiro a coluna da direita, saiba que não foi por acaso. A explicação, segundo os ensinamentos cabalísticos, é o de que “o mundo está baseado em amor” e, por esse motivo, a da esquerda, da severidade, deve servir à da misericórdia e não o contrário. Lembra da história sobre o rio? As margens estão à serviço da água e as leis a serviço dos seres humanos. O equilíbrio da coluna central é realizado dessa maneira.
Entendendo a conexão entre as 10 Sefirot
Como você conferiu acima, cada Sefirá da Cabalá representa diferentes aspectos da divindade e da criação, atuando como canais através dos quais a energia divina flui para o mundo material e se expressa nele.
A primeira Sefirá é Keter, a coroa, que representa a vontade divina pura e o início de toda a existência. Depois de Keter, temos Chochmá, a sabedoria, que entra como símbolo do potencial para a criação, e Bina, o entendimento, que dá forma ao que se manifesta em Chochmá.
E então, a energia flui para Chessed, a misericórdia e bondade, que introduz a generosidade e a expansão no universo. Guevurá, ou justiça, atua como o contraponto de Chessed, impondo limites, dando forma e estrutura.
Tiferet, a beleza, harmoniza Chessed e Guevurá, representando equilíbrio e compaixão. Netzach, a vitória, e Hod, a glória, simbolizam a eternidade e a majestade, respectivamente, e trabalham unidas para manifestar a realidade divina na realidade material.
Yessod, o fundamento, é o ponto de conexão entre o que está dentro e o que está fora. É através de Yessod que as Sefirot anteriores se manifestam no mundo. Como o próprio nome já diz, essa Sefirá é o alicerce que recebe e integra todas as energias das Sefirot anteriores, preparando-as para a manifestação em Malchut, o reino, que representa a realização e a presença divina no mundo físico.
Cada Sefirá, como você pôde ver, não apenas desempenha um papel específico no processo criativo, mas também oferece aos praticantes da Cabala caminhos para autotransformação e desenvolvimento espiritual, refletindo as múltiplas facetas da experiência humana.
Estude sempre estes conceitos e verá que o caminho para uma vida mais plena e harmoniosa é possível quando se está alinhado com essas energias. Essa, aliás, é a origem do conceito de identidade de forma, ou melhor, de “Imagem e Semelhança” ao Criador. Afinal, essas são as Sefirot através das quais Deus se expressa na matéria. E nós também.
As Sefirot no dia a dia
Conforme estudamos a Árvore da Vida e suas Sefirot, passamos a reconhecer sua expressão na vida quotidiana e em nossa própria personalidade.
Já falamos sobre a importância da meditação e de cada Sefirá, mas como meditar sobre as qualidades associadas a cada uma delas pode te ajudar na busca por harmonia e alinhar suas ações e intenções com os atributos divinos representados?
É menos complicado do que parece. Por exemplo, um foco em Chessed pode inspirar atos de bondade e generosidade, enquanto a contemplação de Guevurá pode ajudar a desenvolver disciplina e respeito pelos limites. Tiferet, representando a beleza e o equilíbrio, nos encoraja a buscar harmonia e compaixão nas relações.
Percebe como é ótimo poder direcionar sua meditação para algo específico que deseja evoluir ou melhorar em si e aplicar esses conhecimentos no seu dia a dia?
A compreensão das Sefirot e sua aplicação na vida diária permite uma jornada de crescimento pessoal e espiritual contínuo, isso guiará você em direção a uma existência mais plena e significativa.
Benefícios do Estudo da Cabala
Entendimento do propósito da vida
Na Cabala, o propósito da vida é entendido como um processo de Tikun, que significa “correção” ou “reparo”. Este conceito sugere que cada alma tem uma missão específica ao vir a este mundo: corrigir ou reparar algum aspecto da criação. A ideia é que, ao fazer isso, contribuímos para restaurar a harmonia original do universo.
O Tikun abrange tanto a melhoria pessoal quanto a transformação do mundo ao redor, encorajando os praticantes a viverem de maneira consciente e intencional.
Normalmente o Tikun é dividido em duas dimensões, a primeira, sendo focada em melhorias pessoais, onde cada pessoa é incentivada a se aprimorar, corrigindo falhas e desenvolvendo virtudes. Isso envolve autoconhecimento, reconhecimento de fraquezas e trabalho constante para se tornar uma versão melhor de si mesmo.
A segunda, chamada de “Tikun Olam” é um trabalho voltado a contribuir para a transformação positiva do mundo ao nosso redor. Isso significa agir de maneira ética, ajudar os outros e trabalhar para criar um mundo mais justo e harmonioso. Quando muitas pessoas trabalham para melhorar a si mesmas, o impacto coletivo pode levar a uma transformação positiva na sociedade e no mundo em geral.
Por esse motivo, trabalhar o seu próprio Tikun já se torna uma bela contribuição para o Tikun Olam.
O propósito então, de acordo com a Cabala, vai além de uma simples busca por felicidade pessoal e realizações materiais. Trata-se de uma busca pela conexão profunda com Deus e com o mundo. Essa conexão é conquistada através da meditação, oração, estudo e claro, ações que reflitam os valores divinos. Além disso, também faz parte do propósito contribuir ativamente para tornar o mundo mais justo, amoroso e espiritualmente conectado, o que envolve ações diárias em prol dos outros.
Não basta subir a montanha para se iluminar. É fundamental aprender a compartilhar, na prática, sua espiritualidade com o mundo. Você pode, por exemplo, começar com sua família ou amigos próximos.
Melhoria na empatia e relações interpessoais
Mergulhar nos ensinamentos cabalísticos é como um convite a explorar as camadas mais profundas de sua existência, confrontando questões fundamentais sobre quem você é e qual é o seu lugar no universo.
Essa jornada interior não apenas proporcionará uma compreensão mais profunda da sua própria alma, mas também irá oferecer uma nova perspectiva tanto sobre a vida e suas infinitas possibilidades, quanto a você e seus potenciais, seus talentos e também a melhor maneira de expressá-los no mundo.
Os próprios cabalistas enfatizam como a aplicação prática dos ensinamentos resultam em empatia e entendimento mútuo, conceitos que são fundamentais para a construção de relações saudáveis e harmoniosas. Esses são valores e ensinamentos que remontam ao próprio Moisés, protagonista da Torá e maior profeta do Povo de Israel. Ele nos lembra de olhar mais além das aparências, do superficial e buscar mais compreensão sobre os outros e seus sentimentos.
Aumento na paz interior e resiliência emocional
Um dos aspectos mais fascinantes da Cabala é sua capacidade de conectar o indivíduo com uma dimensão espiritual mais ampla, transcendendo as preocupações cotidianas e proporcionando uma sensação de calma e serenidade profundas. Ao mergulhar nos ensinamentos cabalísticos, o praticante é levado a explorar níveis mais profundos da existência e a conhecer a essência do universo em si. Parte importante desse caminho é desenvolver nossa capacidade de aceitação. Aceitar a vida como ela é, muitas vezes, é um passo fundamental que precede a transformação rumo ao que podemos ser.
A Cabala ensina que a vida não se limita apenas ao mundo físico e material, mas que existe uma realidade espiritual subjacente que influencia todos os aspectos de nossa existência. Tal realidade é ainda mais verdadeira e vasta do que aquilo que percebemos no tempo-espaço com nossos 5 sentidos.
Através do estudo de textos sagrados, como o Zohar, e da prática de meditações específicas, os cabalistas aprendem a elevar sua consciência e a sintonizar-se com essas dimensões superiores.
Isso permite que eles desenvolvam uma perspectiva mais elevada e integrada da vida, onde as dificuldades e desafios do dia a dia são vistos sob uma nova luz, como oportunidades de crescimento e transformação pessoal.
O praticante que se aprofunda nesses estudos encontra em sua própria jornada um caminho para a paz interior. Essa paz não é meramente uma ausência de conflitos – as coisas não são fáceis assim! – essa paz (Shalom, em hebraico) é um estado de harmonia profunda com o universo e com o próprio ser. Trata-se da capacidade de permanecer em equilíbrio interno mesmo num mundo aparentemente caótico.
Todos temos uma espécie de vazio existencial com o qual precisamos aprender a lidar. Preencheremos nosso vazio com amor ou com medo? Com confiança ou com ansiedade? A sabedoria milenar da Cabala oferece ferramentas para lidar com as emoções negativas, como o medo e a ansiedade, substituindo-as por sentimentos de confiança e segurança que vêm da compreensão de que tudo faz parte de um plano divino maior. Para a Cabalá, mesmo as nossas quedas possuem significado e acontecem em função de uma ascensão.
Meditação e Oração Cabalística: práticas e aplicações
A essa altura do texto você já deve estar cansado de ouvir o quanto a meditação é importante na Cabala, não é? Mas além da meditação, existem também as orações, estudos e práticas cabalísticas. Elas são como pontes para a comunicação direta com o Divino e sua expressão no mundo.
Fundamentadas nos elementos primordiais dos ensinamentos cabalísticos, elas visam purificar a alma, harmonizar o ser interior e conectar o indivíduo com as energias superiores do universo.
Através da meditação, você irá se concentrar em símbolos sagrados e nomes divinos, buscando uma experiência direta do sagrado, além do reconhecimento e conexão das as camadas mais básicas de sua personalidade até seus níveis superiores de consciência.
É comum que, na oração cabalística, seja incorporado a recitação de textos que são carregados de significado esotérico, com o objetivo de invocar forças espirituais benéficas e facilitar a realização de estados elevados de consciência.
Segundo a tradição, as combinações de letras hebraicas têm a capacidade de reverberar os aspectos de nossa alma que buscamos aprimorar.
A prática regular pode levar a profundas transformações pessoais, ajudando o indivíduo a superar limitações e a alcançar um maior equilíbrio e plenitude em sua vida. Isso traz também benefícios notáveis para aqueles com os quais os praticantes convivem.
Ao iniciar as práticas e os estudos, você estará causando uma transformação também nas pessoas próximas a você, como sua família, por exemplo. Quer conhecer uma das orações mais poderosas? Veja o nosso artigo sobre a Ana BeKoach.
É importante notar que, embora essas práticas possam ser realizadas individualmente, muitos cabalistas enfatizam o valor do estudo e da prática em grupo. Experiencias meditativas podem ser bastante potencializadas quando realizadas coletivamente. Alem disso, a partilha de insights dentro de uma comunidade de praticantes pode enriquecer significativamente o processo de aprendizado e crescimento espiritual, oferecendo suporte e encorajamento mútuo na jornada de exploração dos mistérios da Cabala.
Principais Símbolos
Antes de iniciar este tópico, gostaria de esclarecer uma coisa.
Como o universo da Cabala é repleto de arte simbólica, é importante destacar: símbolos são apenas símbolos. Ou seja, são representações.
No caso, representações de valores espirituais e de aspectos divinos. O poder que associamos aos símbolos não vem dos símbolos em si, mas de nossa relação com Deus, que eles podem eventualmente inspirar.
Símbolos funcionam como uma espécie de lembrete desta relação. Eles são carregados de profundos significados espirituais, e podem te ajudar a se conectar com energias superiores e até mesmo auxiliar no seu desenvolvimento espiritual.
Separei 9 dos mais utilizados para que você conheça um pouco sobre eles. Confira:
1. Hamsa
A Hamsa, também conhecida como “Mão de Miriam”, tem a forma de uma mão com cinco dedos estendidos (chamesh, em hebraico, é 5). Na tradição cabalística, a Hamsa é usada como um símbolo de conhecimento e proteção.
Olha que interessante: o símbolo conecta uma “iad” (mão) a um “ayn” (olho). Então temos “Iadaim”, que tem a mesma raiz da palavra “daat” (conhecimento). Esse conhecimento vem da experiência (representada pela mão) seguida da reflexão (representada pelo olho), nessa ordem, pois o contrário disso resultaria em preconceito.
2. Estrela de Davi (Magen David)
A Estrela de Davi, ou Magen David, é um símbolo judaico. Na Kabbalah, ela representa a conexão entre o mundo espiritual e o mundo físico através de um triângulo ascendente e um descendente. As duas interseções dos triângulos simbolizam a harmonia entre os opostos, como o espiritual e o material, o masculino e o feminino, o que está dentro e o que está fora. Está associada à proteção que é encontrada através do equilíbrio.
3. Chai
O símbolo Chai, que significa “vida” em hebraico, é composto pelas letras hebraicas ח (Chet) e י (Yud). Essas letras somam 18 segundo a gematria, e por esse motivo o número 18 é associado à vida. Na Cabala, o Chai é um símbolo de vitalidade e energia. Assim como a Estrela de Davi, o Chai está presente na arte cabalística e judaica em pinturas, joias, roupas acessórios e objetos.
4. Árvore da Vida (Etz Chaim)
A Árvore da Vida é o símbolo mais conhecido da Kabbalah. Nela estão representadas as Sefirot, as dez emanações divinas através das quais Deus interage com o mundo. Cada Sefirá tem um significado específico e representa um diferente aspecto de Deus e da criação. O diagrama da Árvore da Vida é usado para meditação e estudo, e nos ajuda a entender o funcionamento da criação, dos diferentes aspectos do humano e de nossa relação com Deus.
5. Mezuzá
A Mezuzá é um pequeno pergaminho enrolado, contendo o Shemá, a oração central do judaísmo, na qual é evocada a unidade de Deus. Ele é colocado em uma caixa e afixado nos umbrais das portas das casas judaicas. A Mezuzá é um símbolo de humildade e integridade, pois nos lembra da unidade de Deus quando entramos e quando saímos de casa. E esse reconhecimento é o que traz a proteção que muitos associam à Mezuzá.
6. Letras Hebraicas
Cada letra do alfabeto hebraico tem um significado espiritual profundo na Cabala. Por exemplo, a letra Aleph (א) representa a unidade de Deus, enquanto a letra Bet (ב) simboliza a criação e a dualidade. As letras hebraicas são frequentemente usadas em meditações para canalizar diferentes aspectos da energia divina.
7. Tetragrammaton (ou Tetragrama) (YHVH)
O Tetragrammaton é o nome sagrado de Deus composto pelas letras hebraicas י (Yud), ה (He), ו (Vav), ה (He). Na Cabala, o Tetragrammaton é considerado extremamente poderoso. A meditação em torno deste nome é usada para invocar a presença divina e trazer bênçãos para o mundo.
Seus significados são diversos. Entre outras coisas, o Tetragrama representa 4 mundos pelos quais se desenvolve a consciência humana. Representa também a própria Eternidade de Deus, sendo um código para “Tudo aquilo que Foi, que É e que Será”.
8. Joias, aliança e o Anel de Salomão
É muito comum encontrarmos anéis e joias associados à Cabala, com inscrições de nomes divinos, frases, nomes de familiares ou ainda palavras em hebraico como paz, amor e Deus. Os dois anéis mais conhecidos levam citações inspiradas na sabedoria do rei Salomão. O primeiro é a aliança nupcial que leva uma inscrição do Cântico dos Cânticos, a frase declarada pela noiva a seu noivo na cerimônia de casamento: “eu sou de meu amado, e meu amado é meu”. O segundo, conhecido como o Anel de Salomão, leva uma inscrição apropriada tanto para momento alegres quanto para os momentos desafiadores da vida: “isso também passará”.
A importância da prática em grupo
A prática do estudo em grupo é altamente valorizada na tradição cabalística, sendo vista como uma forma poderosa de aprofundar o entendimento dos ensinamentos e de compartilhar experiências espirituais.
Reunir-se com outros praticantes oferece uma oportunidade única de diálogo e troca, onde as diversas perspectivas e insights podem ser discutidos e explorados em um ambiente de apoio e respeito mútuo.
Esses encontros também servem para fortalecer a comunidade de praticantes, criando um senso de camaradagem e pertencimento. Através do estudo em grupo, os cabalistas são capazes de enfrentar juntos os desafios espirituais, apoiando-se mutuamente em sua busca por crescimento espiritual (essa é uma das razões para o Cabala Hub ser uma comunidade, e não apenas uma escola).
Essa prática não apenas enriquece o caminho individual de cada membro, mas também contribui para a disseminação e preservação dos ensinamentos da Cabala.
Cabala e espiritualidade não se tratam de um conhecimento para nos retirar do mundo. Para a Cabala, a evolução espiritual nos ajuda a trazer mais Luz para o mundo, especialmente através do relacionamento.
Mitos e Verdades Sobre a Cabala
Em nossos tempos, a Cabala vem se popularizando e sendo revelada a pessoas de de todo o mundo. Mas nem sempre foi assim. Ao longo dos séculos, a Cabala foi um conhecimento mais restrito a pequenos grupos. Por que? Alguns motivos são a profundidade dos ensinamentos, a preservação da tradição e até por questões de sobrevivencia. Lembre-se que ha apenas 500 anos, Galileu quase foi levado à fogueira por afirmar que a Terra gira em torno do sol. Imagine o que poderia acontecer a um cabalista na Idade Média ao estudar textos que falavam sobre questões metafísicas como o Tsim-Tsum, a consciência e a natureza divina de todo ser humano.
Preservada dessa maneira, a Cabala foi cercada por uma aura de mistério, e até mitos sobre sua natureza e propósitos.
E é claro que iremos desmistificar concepções errôneas, esclarecendo a verdadeira essência da Cabala como uma profunda e antiga sabedoria espiritual.
Ao separar os mitos de verdade, ficará mais fácil para você apreciar plenamente o valor e a beleza dos ensinamentos cabalísticos.
Desmistificação das falsas afirmações sobre a Kabbalah (Cabala)
A Cabala é frequentemente mal interpretada por quem não a conhece como uma forma de magia ou bruxaria (quem é que nunca ouviu alguém utilizando o termo “cabalístico” como algo pejorativo?). Conforme já falamos, na realidade, ela engloba um conjunto de ensinamentos e mistérios relacionados à compreensão profunda da vida e da morte, do universo e da relação do homem com o Divino.
Seus estudos não se destinam à obtenção de poderes sobrenaturais, mas sim a oferecer um caminho para o crescimento espiritual e a conexão com as dimensões mais elevadas da existência. Em outras palavras, a Cabala é um caminho para que você consiga expressar os potenciais, que já lhe foram conferidos por seu Criador, através de sua alma.
Além disso, a Cabala não é exclusiva de nenhuma religião e, muito menos, se trata de uma. Embora suas raízes estejam no judaísmo, seus ensinamentos são universais e dialogam com buscadores espirituais de qualquer tradição. Assim como a própria espiritualidade, o conhecimento da Cabala antecede às práticas religiosas.
Essa abertura reflete a crença cabalística na unidade fundamental de toda a humanidade e toda a criação, bem como na acessibilidade da sabedoria divina a todos os seres. Ou seja, o ser humano não carece de intermediários ou dogmas para estabelecer um relacionamento íntimo com seu Criador.
Outro equívoco comum é a ideia de que a Cabala é acessível apenas a um grupo seleto de iniciados. Na verdade, enquanto o estudo profundo da Cabala requer dedicação e orientação, seus princípios básicos são acessíveis a qualquer pessoa interessada em explorar as dimensões espirituais da vida. A chave para o verdadeiro entendimento da Cabala reside na abertura do coração e da mente, e na disposição para embarcar em uma jornada de transformação pessoal.
Uma jornada nem sempre fácil, eu diria, mas muito recompensadora com certeza.
Diferença entre Cabala e Judaísmo
A Cabala, embora profundamente enraizada no judaísmo, é essencialmente uma tradição espiritual aberta a toda humanidade, e não uma religião. Enquanto o judaísmo abrange uma ampla gama de práticas religiosas, leis e tradições, a Cabala foca na busca interior, na compreensão do universo, na espiritualidade, como já dissemos.
O judaísmo, por ser uma religião, abrange uma gama de preceitos, rituais e costumes como um caminho a ser seguido. Já na Cabala, é você, estudante, que descobre seu próprio caminho.
Em uma religião tradicional, seja um padre, rabino ou qualquer outra autoridade religiosa, irá orientar o fiel com relação às leis daquela prática. No aprendizado da Cabala, o professor vai orientar o aluno para que esse conquiste seu próprio caminho e sua própria visão livre do mundo.
Esta distinção não diminui a conexão entre os dois, mas realça a riqueza e a profundidade do judaísmo como tradição religiosa e da Cabala como tradição espiritual.
Os ensinamentos cabalísticos oferecem uma interpretação mística dos textos sagrados judaicos, visando desvendar os significados ocultos e as verdades espirituais subjacentes às narrativas bíblicas e aos mandamentos.
A ideia é que as escrituras possuem muito mais a nos revelar do que sua camada literal, o entendimento ao pé da letra, contendo conhecimentos que estão além do que está escrito, com segredos escondidos nas entrelinhas, as metáforas, simbologias e os infindáveis mistérios espirituais. Como a alma que é anterior e mais sutil que um corpo.
Portanto, a Cabala pode ser vista como uma camada complementar ao judaísmo, enriquecendo a experiência religiosa dos praticantes com uma dimensão mais profunda de entendimento e conexão espiritual, sejam esses praticantes judeus, cristãos ou seguidores de qualquer religião, e até mesmo ateus.
Apesar dessa integração, é importante para os estudantes e praticantes reconhecerem a autonomia da Cabala como um campo de estudo e prática. Ao fazer isso, respeita-se tanto a tradição judaica enquanto religião estruturada, quanto a singularidade da jornada cabalística.
Diferença entre a Cabala e outras formas de espiritualidade
A Cabala é diferente de outras tradições espirituais. Ela desenvolve nossa percepção de que tudo está interconectado, desde Deus até as coisas mais simples da vida. E isso vale para nós também, pois evoluímos como um todo.
Enquanto outras tradições podem focar na busca de iluminação pessoal ou transcendência, a Cabala ensina que a espiritualidade está presente em tudo e que podemos encontrar o divino inclusive em nossas atividades mais quotidianas.
A forma de estudo e meditação na Cabala é repleta de símbolos, imagens, números e palavras que nos ajudam a conectar com o Mistério. Essa abordagem desenvolve uma visão da realidade, que combina sabedoria, mente e intuição.
Além disso, a Cabala destaca a importância de agirmos no mundo. Ela ensina que a verdadeira espiritualidade não é apenas melhorar a si mesmo, mas também ajudar a consertar o mundo, um conceito que mencionei lá atrás, conhecido como “Tikun Olam”.
Essas são algumas das característica que diferenciam a Cabala de outras práticas espirituais. A contemplação interna torna-se um meio, e não um fim em si só. Não se trata apenas de subir a montanha em busca de iluminação, mas é também preciso trazer luz ao mundo e compartilha-la com os outros. A Cabala, portanto, oferece um caminho que combina espiritualidade profunda com ações significativas na vida prática.
Não é sobre inventar um propósito ou missão de vida como se isso fosse uma meta racional, mas sim revelar, escutar e conhecer a alma com a qual fomos criados. É através da conexão e expressão dessa alma que podemos descobrir sentido e propósito na vida.
Sugestões de Cursos e Grupos de Estudo
Participar de cursos e grupos de estudo é uma maneira eficaz de aprofundar seu conhecimento sobre a Cabala. Instituições como o CabalaHub oferecem programas online que vão desde os fundamentos até tópicos avançados, facilitando o aprendizado com o apoio de uma comunidade. Além disso, muitas sinagogas e centros judaicos oferecem aulas sobre Cabala, ministradas por rabinos e estudiosos experientes.
Os grupos de estudo geralmente reúnem pessoas com diferentes backgrounds e níveis de compreensão, permitindo uma troca rica de ideias e interpretações. Participar regularmente desses grupos não apenas promove o aprendizado, mas também o desenvolvimento espiritual e interpessoal, à medida que os conceitos da Cabala são explorados coletivamente.
Importância de um Guia ou Professor Experiente
A Cabala é complexa e profunda, tornando essencial a orientação de um guia ou professor experiente. Um mentor pode oferecer insights valiosos, esclarecer dúvidas e direcionar o estudo de forma a evitar interpretações errôneas ou superficiais. A tradição cabalística enfatiza a transmissão de conhecimento de mestre para aluno, respeitando a linhagem de ensinamentos autênticos.
Um bom professor não só guia o estudante através dos textos e conceitos, mas também ajuda a aplicar os ensinamentos no dia a dia, promovendo uma transformação verdadeira. A busca por um mentor deve ser feita com cuidado, privilegiando aqueles que demonstram não só conhecimento, mas também humildade e um compromisso genuíno com o caminho espiritual.
Incentivamos você e todos os estudantes iniciantes que estudem junto a alguém mais experiente. Isso vai ajudá-los a não ficar apenas se maravilhando com os infinitos conceitos cabalísticos, mas também a se conectar de maneira íntegra com os ensinamentos e beneficiar-se mais diretamente de sua aplicação prática.
Relembrando o que vimos até aqui
Explorar a Cabala é embarcar em uma jornada mística de autoconhecimento e relação com o Sublime. É conhecer uma visão profunda sobre a criação do universo, a natureza divina e a busca humana por conexão espiritual. É abrir-se para uma nova e fascinante maneira de ver o mundo e compreender o seu próprio papel na realidade.
Revelada por Deus a Moisés no Monte Sinai, a sabedoria da Cabala é hoje acessível a todos, judeus ou não.
A Árvore da Vida e suas dez Sefirot servem como fundamentos para entender os aspectos divinos e a estrutura do universo. Junto com os princípios de meditação e estudo, oferecem caminhos para o desenvolvimento espiritual e autoconhecimento.
Nós, do Cabala Hub, encorajamos vivamente você e todos os leitores a aprofundarem seus estudos sobre a Cabala, explorando seus textos sagrados, princípios e práticas, para descobrir as lições e os insights que esta sabedoria ancestral pode trazer para sua vida.
Vivemos em uma época repleta de desafios, na qual boa parte das pessoas está desconectada de si, do mundo e de Deus. Consequentemente, se sentem perdidas e infelizes. Queixam-se de falta de propósito e sentido.
Diante desse contexto, a principal razão para criarmos este guia e todo o Cabala Hub, é a de promover a conexão das pessoas com sua própria essência, através daquilo que conhecemos como o despertar da consciência rumo à maturidade espiritual.
Venha conosco e faça parte dessa revolução da consciência!